sexta-feira, dezembro 10, 2004

tua vaca

Deixa-me cortar-te a roupa.
Não quero ver-te mais armada em raínha.
O teu cheiro enjoa-me.
O teu perfume enoja-me.
Estou cansada do teu riso e das piadas repetidas, não aguento os teus jogos,
de sedução,
de ciúme,
de paz,
de guerra,
de inveja,
de poder.
Tens esquemas para tudo, exiges respostas de tudo.
Tens um corpo perfeito, um gosto desfeito.
Um brilho genuino, presença grandiosa.
Presunção merecida, felicidade oferecida.
Vejo-te caír e partir.
Faço-te chorar para meu gozo.
Nunca consegui.
Quero-te rasgar as pernas, comer-te como se fodesse uma cadela.
Por-te a gemer de raiva.
Quero trazer-te presentes odiosos.
Cozinhar-te podridão.
Amassar-te como pão.
Quero ser vaca.
Ser tua vaca.
Por-te as mamas de molho.
Por-te nervosa. Fazer-te insegura.
Criar-te em cubos. Desenhar-te em cacos.
Vou cuspir-te bosta com palavras de algodão.
Oferecer-te festas de gente destruída.
Apresentar-te um mundo em queda.
Vais pedir-me mais dor e arrojo.
Vais querer apanhar-me, mas vou escorregar.
Vais esquecer o que vales.
Tu não és o meu amor
Tu não és o meu amor
Tu não és o meu amor
Tu não és o meu amor
Tu não és o meu amor
Tu não és o meu amor
Tu não és o meu amor
Tu não és o meu amor

1 comentário:

Anónimo disse...

Poderoso - na essência! Poderoso - na visualização! Poderoso - no desespero do reencontro!

O encontro entre o ódio e o amor é sempre poderoso.

RedBaron