terça-feira, setembro 30, 2008
plástico
quarta-feira, setembro 24, 2008
pai
zero
sexta-feira, setembro 05, 2008
Eu, diabo
quinta-feira, setembro 04, 2008
a diva
É fácil, não é? É só dizer “amo-te”. Às vezes só ao estalo!
Enquanto pianos mordem guitarras e violinos esporram notas sem sentimentos mas eficazes, tu vais dobrando essa boca de porca e enxutas, ridícula, uma lágrima cristal perfeita triste e crocodila.
Chorem-me Levantem-me abracem-me comam-me. Sou vossa. Puta disfarçada. Mas com ar de menina. Linda sou. Como todos querem.
Vê lá se ainda te comem morto por seres tão mordaz oh corno
É fácil, não é? É só dizer “amo-te”. Rebenta essa cara com pus.
Enquanto a tua mão flutua e desliza no vestido criança homem e tua carne ri com fome. Vai gozar a alma doutro. Gritas altiva e com corpo pesado descaído de perna flectida toda tu indefesa destruída.
Levem-me amem-me beijem-me mordam-me. Sou fraca, sou leve. Escrava mal amada. Um doce esquecido perdido. Como o mundo pede.
Vê lá se ainda te fodem a tromba por seres amargo oh filho da puta
O mundo é meu
O mundo é meu
O mundo é meu
E não me canso de comer
de ferro
À toa
quarta-feira, setembro 03, 2008
?
Se voltaste para isto porque não ficaste longe? Se era para despejares palavras em tom de indiferença porque não ficaste quieto, como tens feito estes anos a fingir que tens planos? Se queres fazer isto, faz sóbrio. Não há um pingo de amor aqui.
E tu, é só isso que sabes?
Tirem-me este gajo daqui.
relógio
quieto
sabidolas
Olha que és um rapaz espevitado e entendes tudo, meu malandro. Quem haveria de dizer que com essa cara nos entregavas dúvidas? Ainda pensava que estavas ai armado em pintas com essa lábia pintarola de quem sabe o que está a dizer mas gozando, com os outros que menos sabem. Um dia ainda hás-de ser alguém, digo eu! Que agora não és gente para isso e só tens meio palmo, mal medidos, numa colher. Mas ou me engano ou vais ser grande. Ou isso ou importante. Que grande e importante hoje é coisa rara e também não me parece que tenhas cabeça para isso. Vê lá é se não te perdes, como os outros que andam por aí, meu sacana. Tu mete juizo nessa cabeça e não metas com esses sabidolas todos pintarolas que para aí andam a azucrinar a cabeça dos outros. É que agora só se vê é gente a roubar de gente e não como antigamente que não se comia. Hoje come-se e mal. E mesmo assim e por isso, também, mais por isso, acho eu, é que se rouba tanto. Essa gente que tem tanta cabeça mas estraga-se assim. Mas tu és um rapaz espevitado e entendes tudo. Olha, é o que me parece.
as mãos
As minhas mãos fazem covas. Não. As minhas mãos têm covas. Todos os dias mais covas. Enterram-se nas minhas mãos os buracos, os vazios e as coisas que decidi deixar passar. As vezes que não falei e não bati e os desejos que perdi a com… olha foda-se, assim não quero escrever porque continua igual e sem interesse. E é mais uma razão para que se abram buracos nas mãos. Estas que já não têm força para se agarrar ao que quero. E para afastar o que me faço indeciso e consciente. Mas sabes que há quem morra de fome? Sabes que há quem não tenha mãos?
O quê?
As minhas mãos fazem covas porque estou a ficar mirrado. Na cabeça. Eu sei que já diziam quando eu ainda não tinha a legitimidade para dizê-lo, que isto melhor não fica e depois de velho, só se caminha para pior e quando tiveres a minha idade vais perceber. Mas eu nunca vou ter a idade de ninguém que me tenha dito isto. Há uma outra enorme quantidade de coisas que se dizem e que não se deviam escrever, de tão esgotante e vazio que tudo era e continua a ser, mesmo depois de constatar que é verdade que isto é vazio. Mas deixam de ter covas as mãos? Já li coisas melhores.
canções
um dia
Só vi um dia. Daqui a alguns dias. Só vi um dia, sem mais ver porque a luz encobre, ou descobre, com definição e ruído em demasia. A sombra encobre ou descobre a luz que não vinga. Só vi um dia, não as coisas, não movimento, não cores, não alguém, não coisas. Só vi um dia, rasgado, encoberto, descoberto, nítido, não. Turvo, não. Difuso. Só vi um dia e não gostei do que vi. Porque nesse dia que vi, vi que não estava aqui.
canções
Regresso
E foste. Ficando
Deixaste. Parando
Parado, riste.
Voltaste a rir sem vontade
E sem verdade como antes quando parado
Ficaste, como deixando.
É igual.
O regresso presente
Amanhã faz de novo
Fica voltando de volta ficando à volta
Para trás o presente ou para a frente
E depois
novo de novo
Estás?