…e era mais alto que uma árvore. Mais forte que um touro. Era o que parecia. Com uma pele torrada e engelhada, brilhante do desgaste ao sol. desceu pela rua às curvas, a passo furibundo, aos pontapés no ar, a praguejar. Ninguém quis chamar importante àquele instante, que era já hábito, que no escaldar do chão, logo depois do dia ao meio, as botas do Raimundo corressem a derreter borracha. Que o resmungar se confundisse com o silvar e o assobiar, mais ou menos quente como o próprio ar, ou que viesse mais ou menos pesado nos ombros, ou no sobrolho, dependendo do quanto calor rangia nas telhas e no vidros pequeninos das janelas aflitas a assar, na manhã, na tarde e antes do anoitecer, sempre que o arder do sol disparasse o bafo das chamas até ao pó dos lancis, da fachadas, dos alpendres. E quase sempre, era assim que a rua derretia, sacrificando a calçada e o alcatrão ao lume lento e doente dos dias de verão.
Na lavandaria, os vidros da montra escorrem gotas mornas que se entrosam no vapor morto. o chão
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