rumo
não encontrei onde me agarrar. não entendo onde terminam os braços e começam as mãos. não vejo mais que umas toscas formas e cores indefinidas ou por mim desconhecidas. vou ao encontro daquilo ali, que talvez seja qualquer coisa. vou de encontro. não descubro matéria sólida, não descanso em pensamentos fáceis ou imediatos. não me sento em piso fértil ou seguro. não me sento, não consigo pousar. o que aqui estava mudou de sítio. existem marcas do que parece ter sido alterado, ou quero acreditar que foi alterado, que isto não é só um sitio disforme, imperceptível. tão vago que continuo sem entender se o meu braço é extensão do meu corpo e se as minhas mãos começam, quando meu braço termina. quero é agarrar depressa qualquer coisa, sem escorregar. percebe-se o inicio de marcha. o meu corpo solta-se em sintonia com o movimento e equilibra-se o possível, contrariando a queda. há aqui uma intenção difusa de se ir para algum lado. derrama-se no suposto piso qualquer coisa de novo, na medida em que o espaço transforma-se, ao avançarmos. sendo que parecemos avançar. as cores mantêm-se ténues, tão ocas que não entendo tratarem-se de cores, ou então esqueci-me da sua aparência e nomes.
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